Você acorda com dor de garganta e percebe que está adoecendo. Será por dois dias ou duas semanas? Você deve procurar um médico ou simplesmente ir para a cama?
A maioria das doenças respiratórias têm sintomas muito semelhantes no início: dor de garganta, nariz congestionado ou escorrendo, dor de cabeça, fadiga e febre. Pode evoluir, eventualmente, para uma tosse seca.
O melhor cenário é que você tenha um resfriado (originado por qualquer um de centenas de vírus, mais comumente o rinovírus), que é de curta duração e autolimitado.
Mas há doenças respiratórias que podem ser muito mais graves. Aqui está um breve guia de alguns vírus importantes que estão circulando neste inverno - e como descobrir qual deles você tem.
Vírus Sincicial Respiratório (VSR)
Para a maioria das pessoas, uma infecção por VSR será como um “resfriado” - irritante, mas com duração de apenas alguns dias.
No entanto, para bebês, adultos mais velhos e pessoas com problemas imunológicos, ela pode levar à bronquiolite ou pneumonia, e até mesmo ser fatal.
O vírus sincicial respiratório não é sazonal, o que significa que você tem a mesma probabilidade de contraí-lo no verão ou no inverno. É altamente contagioso e, por isso, notamos seu desaparecimento quase completo durante a pandemia da COVID (cujo vírus se impõe aos demais).
Atualmente, existe um teste rápido de antígeno (RAT) para o VSR que também verifica a gripe e a COVID, e é a melhor maneira de descobrir a causa dos sintomas.
Recentemente, uma terapia imunológica preventiva foi disponibilizada para bebês de alto risco (nirsevimab) e também há vacinas para adultos de alto risco. O nirsevimab está disponível gratuitamente para todos os bebês na Austrália Ocidental e em Queensland (estado australiano).
Mas não há tratamentos específicos. Os adultos que contraem a doença simplesmente têm de passar por isso (usando o que for necessário para controlar os sintomas).
Os bebês e os pacientes de alto risco precisam ser levados a um departamento de emergência se o teste for positivo para VSR e, também, se estiverem com aparência de doentes ou se sentindo muito mal. Isso pode significar respiração rápida e superficial, febre que não cede com paracetamol ou ibuprofeno, bebê que não se alimenta, pele com aparência manchada ou boca azulada.
Se um paciente tiver desenvolvido bronquiolite ou pneumonia, pode ser necessário hospitalizá-lo.
Gripe
Depois de ter tido a “gripe verdadeira” (influenza), você achará frustrante quando as pessoas chamarem de “gripe” os sintomas de resfriado comuns.
As infecções por influenza geralmente começam com dor de garganta e dor de cabeça, que rapidamente se transformam em febre alta, dores generalizadas e fadiga excessiva. Você sente como se tivesse sido atropelado por um caminhão e pode ter dificuldade para sair da cama. Isso pode durar uma semana ou mais, mesmo em pessoas que geralmente estão em forma e são saudáveis.
A gripe é um importante problema de saúde pública internacional, com 3 a 5 milhões de casos de doença grave e 290.000 a 650.000 mortes respiratórias por ano.
As pessoas com maior risco de complicações decorrentes da gripe incluem mulheres grávidas, crianças menores de cinco anos, adultos com 65 anos ou mais, povos das Primeiras Nações e pessoas com condições médicas crônicas ou imunossupressoras. Por esse motivo, a vacinação anual é recomendada e financiada para grupos vulneráveis.
A vacinação também está disponível para os australianos, tanto em farmácias quanto em clínicas médicas, geralmente a um custo inferior a R$ 120,00. Em alguns estados, inclusive, é gratuita.
A gripe é sazonal, com picos definidos nos meses de inverno. É por isso que as vacinas são oferecidas desde o início do outono.
Se você acha que pode estar com gripe, agora há testes caseiros de antígenos: todos os RATs (teste rápido de antígeno) de gripe atuais são combinados com os de COVID, pois os sintomas se sobrepõem.
O tratamento para a maioria das pessoas é o controle dos sintomas e a tentativa de evitar a disseminação da doença. Os médicos também podem prescrever antivirais para pacientes vulneráveis; eles funcionam melhor se forem iniciados dentro de 48 horas após os sintomas.
COVID
Faz menos de cinco anos que a COVID-19, causada pelo SARS-CoV-2, começou a se espalhar pelo mundo em proporções pandêmicas. Embora ela não seja mais uma emergência de saúde pública, ainda causa mais mortes do que gripe e o RSV juntos.
Ao contrário do RSV e da gripe, somente as pessoas com mais de 70 anos estão em uma faixa etária de alto risco para a COVID. Outros fatores além da idade podem aumentar o risco de você ficar muito doente quando infectado por esse vírus. Isso inclui ter males respiratórios (como asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica, também conhecida como DPOC), diabetes, câncer, doença renal, obesidade ou doença cardíaca.
Ao contrário da maioria dos vírus respiratórios, o SARS-CoV-2 tende a desencadear uma inflamação que vai além do sistema respiratório. Isso pode envolver uma série de outros órgãos, inclusive o coração, os rins e os vasos sanguíneos.
Embora a maioria das pessoas volte a trabalhar ou estudar normalmente depois de uma ou duas semanas, uma proporção significativa passa a apresentar sintomas prolongados, como fadiga, falta de ar, névoa cerebral e alterações de humor. Quando esses sintomas duram mais do que 12 semanas, sem nenhuma outra justificativa, é chamada de COVID longa.
As vacinas contra a COVID podem prevenir doenças graves e têm sido monitoradas há vários anos quanto à sua segurança e eficácia. As recomendações atuais de vacinação são baseadas na idade ou no status imunológico. Vale a pena discuti-las com seu médico caso você não tenha certeza de que pode ser beneficiado. Os antivirais tratam a COVID em pessoas de alto risco que a contraem, sejam elas vacinadas ou não.
As orientações específicas sobre o que fazer se o resultado do teste de RAT for positivo variam de acordo com as diretrizes do seu estado e local de trabalho, mas os princípios gerais são sempre: evite espalhar o vírus para outras pessoas e dê a si mesmo tempo para descansar e se recuperar.
E se não for um desses casos?
Então, você fez o exame combinado de RSV/influenza/COVID RAT e o resultado foi negativo. Mas você ainda tem sintomas. O que mais poderia ser?
Mais de 200 vírus diferentes podem indicar resfriado e gripe, incluindo rinovírus (mencionado acima), adenovírus e, às vezes, até mesmo patógenos indefinidos.
Se a doença progredir para uma tosse que não desaparece e/ou se você começar a expectorar, pode ser uma infecção bacteriana, como coqueluche (tosse convulsa), streptococcus pneumoniae, haemophilus influenzae ou moraxella catarrhalis (todos esses nomes estranhos para leigos são tipos específicos de bactérias). Portanto, vale a pena ser avaliado por um médico, que pode fazer um raio X do tórax e/ou testar seu escarro, principalmente se suspeitar de pneumonia.
Você também pode começar a adoecer com o que é claramente uma infecção viral mas, depois, contrair uma infecção bacteriana secundária. Portanto, se estiver ficando mais indisposto com o passar do tempo, é preciso fazer o teste e saber se os antibióticos podem ajudar.
Tomar esse tipo de medicação para uma doença puramente viral não só será inútil, como também pode contribuir para a resistência a antibióticos e causar efeitos colaterais indesejados.