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Cactus com posições representando várias fases de uma ereção peniana
Pesquisas com os animais indicam que ereções frequentes, como as que os homens têm à noite, preservam a potência sexual, abrindo caminho para prevenção e novos tratamentos da disfunção erétil HenadziPechan/Shutterstock

Ereções: o que aprendemos com camundongos pode ajudar na saúde sexual dos homens

Você já se perguntou como funciona a ereção do pênis, mas nunca ousou perguntar? Bem, imagine uma esponja seca em um preservativo. Agora despeje água sobre a esponja (que é o sangue que está fluindo). Aí está.

Essa “esponja” do pênis é cientificamente chamada de corpo cavernoso. As ereções dependem do influxo e da retenção de sangue. As células musculares lisas regulam o fluxo sanguíneo para a esponja e sua consequente firmeza. Em um estudo recente, meu colega e eu investigamos o papel dos fibroblastos penianos, as células mais abundantes no pênis humano, sobre as quais pouco se sabia anteriormente.

Descobrimos que os fibroblastos do pênis ajudam as células musculares lisas a relaxar. O uso de uma técnica para tornar as células sensíveis à luz nos permitiu ativar os fibroblastos ao aplicar luz azul de fora para dentro do pênis de camundongos.

Descobrimos que a ativação dos fibroblastos induzida pela luz relaxou as células musculares lisas e aumentou o fluxo sanguíneo. A eficácia desse relaxamento depende do número de fibroblastos. Um número maior de fibroblastos facilitou o relaxamento e aumentou o fluxo sanguíneo.

Também aprendemos que o número de fibroblastos não é estático, e identificamos as moléculas de sinalização que regulam o número de fibroblastos no pênis. Ao excluir ou superexpressar as moléculas relevantes, pudemos aumentar ou diminuir o número de fibroblastos e, em resposta, observar as alterações correspondentes no fluxo sanguíneo do pênis.

Mas logo aprendemos que o excesso de fibroblastos tem consequências negativas. Camundongos com um número muito alto de fibroblastos no pênis apresentaram ereções que duravam várias horas. Nos homens, isso corresponde a uma condição patológica dolorosa denominada priapismo, que exige uma visita ao hospital.

A ereção do pênis pode ser treinada? Nos seres humanos, grande parte do “treinamento erétil” ocorre naturalmente durante o sono, com os homens apresentando de três a cinco ereções por noite, conhecidas como “tumescência peniana noturna”.

Para testar a importância do treinamento, alteramos artificialmente a frequência das ereções em camundongos, tendo como alvo a região do cérebro responsável por iniciar uma ereção. Essa técnica nos permitiu ativar e desativar as ereções simplesmente administrando uma droga projetada, que atuou especificamente nas células nervosas responsáveis pela ereção no cérebro do camundongo.

Uma seção transversal de um pênis de camundongo.
Uma seção transversal de um pênis de camundongo, mostrando fibroblastos (em vermelho). Eduardo Guimaraes, Author provided (no reuse)

Mais fibroblastos, mais fluxo sanguíneo

Surpreendentemente, descobrimos que o número de fibroblastos do pênis mudou em relação à frequência das ereções. Quanto mais frequentes as ereções, mais fibroblastos estavam presentes e melhor o fluxo sanguíneo. Isso significa que fica mais fácil iniciar e manter uma ereção com o aumento da frequência das ereções.

Sabe-se que o “treinamento” inconsciente durante o sono diminui com o aumento da idade. O envelhecimento é um dos principais fatores de risco para a disfunção erétil em homens.

Estudando pênis de camundongos idosos, descobrimos que eles tinham um número menor de fibroblastos em comparação com camundongos jovens. Ao reduzir o número de ereções recorrentes em animais jovens por mais tempo, observamos uma diminuição no número de fibroblastos e menor fluxo sanguíneo peniano.

Uma interpretação poderia ser que o treinamento reduzido afeta negativamente o número de fibroblastos e, consequentemente, torna-se menos eficiente para iniciar uma ereção.

Embora a ocorrência espontânea de ereções durante o sono seja certamente conveniente, nosso estudo não sugere nenhuma diferença entre ereções involuntárias e ativamente evocadas em relação ao número de fibroblastos penianos. Portanto, um declínio relacionado à idade da tumescência peniana noturna poderia ser um alvo em potencial para o tratamento futuro da disfunção erétil, ou compensado pela obtenção ativa de uma ereção.

Nossa pesquisa revela um mecanismo para controlar as ereções penianas, abrindo a porta para uma maior exploração para entender e melhorar a saúde sexual dos homens.

This article was originally published in English

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