Menu Close
Mulher de meia-idade aponta para si mesma
Fase do climatério ainda é cercada de estigma e tabus que devem ser combatidos com ações da sociedade, empresas e governos Mangostar / Shutterstock

A revolução da menopausa: propostas para romper o estigma

Embora o climatério seja um processo natural que resulta na interrupção dos períodos menstruais e marca o fim da fase reprodutiva da mulher, o significado atribuído a ele é cultural. É comum confundir esse período - que abrange o período antes, durante e depois da última menstruação - com a menopausa, quando a menopausa se refere apenas à última menstruação da mulher.

Socialmente, a menopausa é frequentemente entendida como um marcador de tempo que abre as portas para a velhice. Como se fosse uma bagagem carregada de estereótipos e preconceitos, ela condiciona as expectativas e experiências de quem passa por ela. Em outras palavras, passar pelo climatério no século XXI pode ser semelhante a menstruar no século passado: uma experiência vergonhosa e muitas vezes escondida.

Falta de apoio e compreensão

Aqui estão alguns fatos reveladores sobre a menopausa:

  • Milhões de mulheres estão ocupando cargos de responsabilidade enquanto experimentam alguns de seus sintomas.

  • Entre 60% e 70% das mulheres estão passando por isso sem conhecimento básico de seu impacto físico e psicológico.

  • 30% dizem que não se sentem apoiadas por seu ambiente familiar.

  • 59% consideram que isso prejudica seriamente sua saúde física e mental, e também tem um efeito negativo em seu trabalho.

  • 80% acham que as políticas organizacionais no trabalho e os responsáveis por elas não as apoiam. Esse sentimento é intensificado quando o superior é um homem.

Considerando esses dados, bem como o aumento da expectativa de vida, provavelmente estamos diante do que será a fase mais longa do ciclo de vida das mulheres. Na Espanha, por exemplo, quase quatro milhões de pessoas estão na fase do climatério, o que representa 7,9% da população total.

Então, por que o climatério continua a ser invisibilizado?

A dura realidade

O estudo El tabú de la menopausia, una discriminación invisibilizada (O tabu da menopausa, uma discriminação invizibilizada), financiado pela Fundação Irla (Beca de Estudios Feministas Natividad Yarza), revela que, longe de ser apresentado como uma experiência única, o climatério é uma etapa plural e polimorfa, condicionada por uma interseção de fatores (pessoais, sociais e culturais).

A falta de informações e as representações sociais herdadas podem significar que as mulheres não se aproximam da menopausa como um livro em branco, mas sobrecarregadas com expectativas e imaginários.

No local de trabalho, as dificuldades associadas ao enfrentamento do climatério - conforme refletido nos dados citados acima - muitas vezes forçam as que estão passando por isso a fazer concessões para ocultar suas manifestações e manter o desempenho em espaços onde essa fase é silenciada.

Isso é agravado pela falta de iniciativas proativas por parte das organizações e empresas. Além da falta de interesse, essa ausência demonstra um profundo desconhecimento da menopausa no local de trabalho, o que aumenta o repertório de estigmas que a cercam.

Consequentemente, a menopausa se perde na cultura do silêncio organizacional, perpetuando seu impacto em termos de comprometimento, motivação ou desempenho no trabalho. Em última análise, ela se consolida como um novo “duto com vazamento”, em termos de gênero.

Propostas para acabar com a discriminação

O estudo “O tabu da menopausa, uma discriminação invisibilizada” propõe uma estrutura de apoio abrangente para quebrar este tabu, tornar visível o climatério e acabar com a discriminação da menopausa. Vamos analisar, de forma sucinta, os principais pontos levantados.

Propostas sociais

  • Tornar visível e criar consciência social para que as necessidades das pessoas que estão passando por essa fase sejam percebidas, reconhecidas e compreendidas. Isso pode ser alcançado por meio de ações como a normalização do discurso sobre a menopausa, a disponibilização de informações ou o compartilhamento de experiências.

  • Reconceituar o climatério, bem como as noções de “ser mulher” e “estar na menopausa” na cultura ocidental. Nesse caso, isso é feito por meio da (des)construção de imaginários e da visibilidade das referências à menopausa.

  • Ativismo social para erradicar tabus, estigma e discriminação.

Propostas organizacionais

  • Mudar a cultura, criando conscientização e erradicando a ocultação e o silêncio que prevalecem nessas esferas. Propõe-se, entre outras iniciativas, oferecer escuta ativa, compreensão e assistência psicológica.

  • Revisar as políticas trabalhistas, incorporando ações de flexibilização e adaptação. Para isso, devem ser avaliadas as cargas de trabalho e as tarefas, e devem ser permitidas pausas no trabalho ou licenças.

  • Aumentar a conscientização sobre essa fase da vida, oferecendo Pontos de informação e treinamento para a organização como um todo.

  • Adaptar os locais de trabalho para torná-los mais amigáveis, confortáveis e inclusivos dessa experiência de vida. Isso pode ser feito revisando a ventilação, incluindo áreas de descanso, ou oferecendo roupas adaptadas e de reposição.

Propostas governamentais

  • Uma proposta educacional, de visibilidade e de conscientização social que enfatize a normalização do climatério, e que eduque e incentive as pessoas a conversar com profissionais de saúde e com grupos de ajuda mútua ou de autoajuda. Essa proposta inclui a implementação de campanhas de conscientização ou a inclusão da menopausa no currículo escolar.

  • Proposta de regulamentação e flexibilidade organizacional que recapitula ações e medidas para preservar o direito das mulheres à saúde no trabalho. Isso incluiria a adaptação de leis ou decretos regulamentares, o fornecimento de apoio a organizações e o monitoramento das medidas implementadas.

Em resumo, a revolução da menopausa que a sociedade está exigindo só poderá se tornar efetiva se os governos e as organizações abrirem os olhos e assumirem a responsabilidade.

This article was originally published in Spanish

Want to write?

Write an article and join a growing community of more than 182,900 academics and researchers from 4,948 institutions.

Register now