É prematuro dizer que atual seca extrema é devido às mudanças climáticas, mas o aumento da frequência e intensidade destes eventos é uma ameaça que não podemos ignorar
Região da Volta Grande do Xingu já sofre com seca constante desde 2016, com o desvio da água do rio para operação da usina de Belo Monte, situação que está sendo agravada pela estiagem extrema deste ano
Robson Bentes
Desvio das águas do rio para geração de energia na usina hidrelétrica está matando ecossistemas amazônicos únicos que dependem do alagamento sazonal
Maior afluente da margem esquerda do Amazonas, o Rio Negro é conhecido pelas paisagens paradisíacas, águas frescas, limpas e abundantes, onde nadam botos cor-de-rosa. Hoje, boa parte de seu leito nas imediações de Manaus está assim.
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Problema deverá afetar a região até meados de 2024, no mínimo. Os sinais de sua gravidade incluem os níveis mais baixos de água na cidade de Manaus em 121 anos.
Grandes máquinas trabalham na monocultura da soja numa fazenda em Sidrolândia, Mato Grosso do Sul: a atual trajetória de desmatamento está diminuindo a capacidade da Amazônia e do Cerrado em regular os padrões de chuva, colocando os sistemas agrícolas do país no caminho do que os cientistas já estão chamando de “agro-suicídio”.
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Degradação ambiental e alteração das paisagens, tanto pela ação humana quanto pelas mudanças climáticas, aumentam a incidência de doenças já conhecidas e o risco da emergência de novas zoonoses
O fogo, que ocorre de maneira natural em biomas como o Pampa e o Cerrado, deveria ser exceção na Amazônia. Mas análises feitas entre 2011 e 2020 mostram que incêndios viraram regra, graças ao excesso de ações humanas de garimpo, extrativismo e agropecuária. E o ponto de não retorno pode já ter chegado.
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Proteger a Região Amazônica é vital para a estabilização do clima global e manutenção da biodiversidade, mas a destruição de causas antropogênicas não para de crescer.
“Engarrafamento” de barcos e casas flutuantes no leito seco do lago Puraquequara, no entorno de Manaus: combinação entre mudanças climáticas, El Niño acentuado e insistência em obras de enorme impacto ambiental contribuem para condição sem precedentes e de extrema urgência na região.
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Combinação entre mudanças climáticas, El Niño acentuado e insistência em obras de enorme impacto contribuem para condição sem precedentes e de extrema urgência na região.
Vice-presidente executiva da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação (ABECO) e professora visitante, Universidade Federal da Bahia (UFBA)