Mais de um mês depois das chuvas, bairros de Porto Alegre como o Quarto Distrito (foto) ainda seguiam alagados. Aprender e se preparar para novas ocorrências são obrigações não só do poder público, mas da sociedade como um todo.
Evandro Leal / Agencia Enquadrar/Folhapress
Informações em tempo real, planos de contingência, combate às fake news e engajamento social estão entre os aprendizados que precisam ser extraídos do desastre para minimizar as futuras emergências climáticas
Morador de Canoas, na Grande Porto Alegre, vivendo em um contêiner após perder tudo nas enchentes: das 27 capitais brasileiras, 15 não contam com nenhum plano de adaptação para mudanças climáticas. A capital gaúcha é uma delas.
AP Photo/Tuane Fernandes
Em 2022, 281.472 brasileiros viviam em situação de rua. Número é 211% superior ao estimado em 2012. Cheias no sul e outros efeitos das mudanças climáticas podem estar intensificando o problema no país
O professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas UFRGS Rodrigo Paiva em ação nas margens do Guaíba: acompanhamento das precipitações indicou risco máximo de inundação dois dias antes delas acontecerem, mesmo assim não houve tempo hábil para o estado se preparar.
Rodrigo Paiva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Pesquisador do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS trabalha 18 horas por dia no acompanhamento do nível das águas, desde antes do início das cheias
Programas de habitação de emergência, subsídios para agricultura familiar, seguros contra desastres naturais e investimentos na resiliência da infraestrutura de proteção contra cheias estão entre as medidas possíveis e urgentes que poderão minimizar os impactos de futuras inundações.
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Políticas públicas de mitigação e remediação podem minimizar os impactos das mudanças climáticas no sul e outras regiões vulneráveis do país
É justamente do Quarto Distrito - polo de tecnologia e inovação de Porto Alegre que segue debaixo d'água (foto) - que podem sair as soluções baseadas na natureza capazes de proteger a cidade de futuros alagamentos.
VANDRO LEAL/Agencia Enquadrar/Folhapress
Sistemas de drenagem sustentáveis e áreas verdes e permeáveis são algumas das soluções baseadas na natureza que podem tornar Porto Alegre mais resiliente a eventos extremos
Retrato do isolamento: enquanto o RS permanece alagado, o poder público ainda está longe de usar devidamente os estudos científicos na elaboração de políticas de prevenção.
Pedro Ladeira/Folhapress
Os últimos acontecimentos evidenciam que a ciência precisa estar presente ativamente na elaboração e proposição das políticas de prevenção. Mas a interação entre pesquisa e poder público ainda é complexa e difícil no Brasil
Mãe e filha que perderam tudo caminham em abrigo no ginásio de uma universidade em Canoas (RS): relatório do IPCC indica que crianças de 10 anos ou menos sofrerão aumento de quase quatro vezes em eventos extremos se o aquecimento global for de 1,5°C até 2100.
AP Photo/Carlos Macedo
O negacionismo científico e ambiental impedem a busca por alternativas viáveis para o desenvolvimento sustentável, com usos do ambiente que garantam o bem-estar da sociedade
Vista aérea de Porto Alegre e do rio Guaíba ainda cinco metros acima do nível normal: quando as águas baixarem, medidas de longo prazo não podem repetir os mesmos erros de planejamento, ou novos alagamentos virão.
AP Photo/Andre Penner
Paulo Niederle, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
A reconstrução do Rio Grande do Sul precisa ser planejada em novos moldes, com a adaptação à realidade de fenômenos climáticos cada vez mais intensos e frequentes
A responsabilidade pelo desastre socioambiental no RS não é só da água e do clima. É também do modelo econômico de desenvolvimento que colocou o planejamento ambiental em segundo plano. E a ciência mostra como isso aconteceu.
AP Photo/Andre Penner
A responsabilidade pelo desastre socioambiental no RS não é só da água e do clima. É também do modelo econômico de desenvolvimento, que colocou o planejamento ambiental em segundo plano. E a ciência mostra como isso aconteceu
Pelo menos 80 comunidades indígenas dos povos Guarani Mbya (foto), Kaingang, Xokleng e Charrua, localizadas em 49 municípios gaúchos, foram diretamente impactadas pelas cheias que atingiram o estado.
AP Photo/Andre Penner
Lara Ramos, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Erica Dias, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), and Leda Gitahy, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Pelo menos 80 comunidades indígenas dos povos Guarani Mbya, Kaingang, Xokleng e Charrua, e 850 famílias quilombolas foram diretamente impactadas pelas cheias no RS
O campo de futebol do Estádio Beira-Rio, do Internacional, completamente submerso sob as águas do Guaíba: mudanças climáticas agravam exponencialmente as consequências da falta de planejamento ambiental e infraestrutura hídrica e de saneamento.
AP Photo/Carlos Macedo
Reitor da Universidade Federal do Pampa escreve sobre sua experiência na tragédia, e traz uma visão acadêmica sobre as falhas humanas que contribuem para o agravamento da situação